quarta-feira, 1 de abril de 2009

Bye, bye Brasil


O filme Bye, bye Brasil de Cacá Diegues completa 30 anos este ano.Considero este filme como um dos mais emblemáticos filmes já produzidos e muito adequado para a época em que foi rodado (período de agonia da censura no cinema brasileiro).

A película conta a história de artistas mambembes que perambulam pelo interior do Brasil em busca de espectadores que ainda não haviam sido sugados pela diversão televisiva (segundo os personagens principais cidades que ainda não tinham "espinhas de peixe",numa alusão às antenas de televisão).Temos aqui um quadro de um país miserável, analfabeto e decadente muito antes desta imagem ser retratada em Central do Brasil (1998).

A história gira em torno Lorde Cigano e Salomé, protagonizados por José Wilker e Beth Faria que dão um show de interpretação teatral. São personagens densos e caricaturais. Se juntam a eles os nordestinos Ciço e Dasdô (Fábio Jr e Zaira Zambelli).

Boa parte do filme se passa na Transamazônica, numa referência ao país grande,excludente e exótico que vivemos. Para fechar com chave de ouro a trilha sonora é assinada por Chico Buarque.

Para quem gosta de cinema nacional é um filme obrigatório!!!

sexta-feira, 27 de março de 2009

O novo capitalismo


Em 1919, Lênin tinha plena consciência de que o capitalismo teria saída sim e que não iria se desfazer de forma simples como imaginaram muitos marxistas ingênuos. Sabemos que após a Grande Depressão dos anos 30 e, sobretudo, após o fim da Segunda Grande Guerra (1939-1945) o capitalismo expandiu-se de forma dinâmica e alcançou um crescimento global em ritmo assustador.
Hoje não falamos mais no fim do capitalismo e sim na sua constante necessidade de mudança. O próprio Adam Smith (1723-1790), fundador da economia moderna, nunca afirmou que a economia de mercado seria suficiente ou que deveríamos aceitar a predominância do capital.
Para ele, a generosidade, a justiça e o espírito público eram muitos mais úteis do que o próprio lucro e a necessidade dele no mundo corporativo.
Todas as grandes nações capitalistas centrais do mundo atual dependem de transações que vão muito além do espaço puro e simples do mercado. O desempenho adequado e trasnformador deste sistema, ao longo da História, foi baseado em combinações institucionais que iam muito além da busca desenfreada pelo lucro.
O comércio não deve ser encarado como fonte única de interesse próprio, mas necessita de forma urgente de outros valores mais coletivos e humanitários para funcionar de forma adequada.
É o ponta-pé inicial para sairmos da atual crise deste sistema.



quinta-feira, 26 de março de 2009

O conhecimento histórico



Como todas as ciências, a História tem especificidades, trabalha com formas de raciocínio próprias a ela, tem limites e exigências.Uma dificuldade encontrada quando falamos de nossos estudos é estabelecer a diferença entre o trabalho historiográfico sobre um determinado tema e o simples juízo de valor.
Por exemplo, quando abordamos o preconceito racial, todos nós temos uma opinião e determinadas atitudes a esse respeito.Alguns condenam a discriminação; há ainda os que afirmam ser o preconceito pura injustiça.Trata-se apenas de opiniões sobre o assunto.
Outra coisa, e bem diferente, é analisar historicamente o racismo, pesquisar suas origens, a quem ele serviu ou ainda serve, quais interesses estão por trás de uma teoria racista e em que contexto ela foi elaborada.
Eis a diferença! Não se trata apenas de opinar ou julgar quem está certo ou errado.O trabalho do historiador é localizar e compreender historicamente cada acontecimento, tentar entender por que as pessoas de determinada época agiam desta ou daquela maneira e, finalmente, contribuir para formação de valores e de uma visão de mundo mais crítica e abrangente.





Ana Carolina



A cineasta paulista Ana Carolina é para mim uma das mais autorais cineastas do Brasil. Fez filmes importantes e marcantes como Mar de Rosas, uma espécie de road-movie onde retrata a conturbada relação entre mãe e filha. Trata-se de um filme de arte que beira a insanidade com tintas fortes e, conseqüentemente, perturbador. As protagonistas são Norma Bengell (como a mãe Felicidade) e Cristina Pereira, no papel da filha demente. É um filme essencialmente surrealista e sofisticado e vale a pena conferir.