domingo, 18 de julho de 2010

E tudo que a antena captar, meu coração captura...



Existem inúmeros questionamentos sobre se a televisão é um bem ou um mal.Temos de um lado,seu caráter democratizador da cultura, uma vez que está disponível a todos, indistintamente.Entretanto, discute-se seu papel de formador da opinião pública e sua função alienadora e manipuladora, por se aproveitar da natureza emocional, intuitiva e irreflexiva da comunicação por imagens.
Na verdade, tanto um aspecto quanto o outro estão presentes. A televisão, como meio de comunicação, não se presta a tais maniqueísmos, apesar de, por ser parte da indústria cultural, encontra-se marcada pela ideologia da classe dominante.Os problemas, no entanto, começam a se agravar a partir do momento em que o meio passa a ser usado.É sua utilização, portanto, que deve ser analisada,utilização que se dá em uma determinada sociedade, historicamente situada e composta por sujeitos com características específicas.
Para tanto, precisamos levantar os elementos que compõem a linguagem televisiva e sue uso na sociedade brasileira.
Precisamos lembrar que no Brasil o canal de televisão é uma concessão do Estado, podendo ser suspensa a qualquer momento- por essa razão só tem canal os grupos que interessam ao Estado, que não farão oposição contínua nem defenderão um tipo diferente de ideologia.Outro ponto é o fato de que a televisão é um empreendimento comercial privado e, como tal, visa o lucro; é sustentada pelos anunciantes, que, antes de gastarem sua verba de publicidade,verificam o índice de audiência de cada programa.
É neste ponto que a televisão assume, muitas vezes, sua forma de espetáculo para chamar atenção, atrair e prender o olhar do espectador.
A televisão, trabalhando sobre a forma de apresentação de seus programas, transforma qualquer contéudo em espetáculo de grande eficácia visual,transformando tragédias em grandes circos televisivos.
As condições de recepeção da programação televisiva ajudam a "naturalizá-la", isto é, a fazer com que passemos a considerar natural tudo o que é apresentado pela televisão, uma vez que está dentro do nosso mundo habitual. E assim como aceitamos o nosso cotidiano, aceitamos o que ela oferece, passivamente, sem maiores discussões ou críticas.
A questão da recepção passiva é perfeitamente explicável em termos de Brasil, se pensarmos no número de analfabetos, de alfabetizados que abandonaram a escola, sem terminá-la, nos que não aproveitam os ensinamentos gerados pela própria escola.
Nessa perspectiva, portanto, a discussão não deve girar em torno de se devemos ou não assistir à televisão, nem se esta é um bem ou um mal, pois ela é uma realidade do nosso mundo. O que devemos discutir é como assistir a televisão de forma mais crítica, percebendo os valores que estão veiculados, discutindo com outras pessoas, por que eles são propostos e se servem para nós, para nossa realidade.

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